domingo, 20 de dezembro de 2009

Caras Rita Ferro e Teresa Caeiro,

Tenho pena que duas mulheres bonitas e inteligentes não percebam o seguinte: uma criança pode ser adoptada por quem tem, efectivamente, vontade de a criar e amar, ponto. Independentemente da sua orientação sexual, ponto.

Quase tropecei e caí quando ouvi a Teresa Caeiro, num programa de rádio, dizer que não há estudos nem certezas acerca dos "possíveis traumas" que poderão advir de uma criança ser criada por duas pessoas do mesmo sexo, vivendo maritalmente. Cara Teresa Caeiro, acredite que não quero ser desagradável nem ofensivo mas esperava de si um pouco mais. É a história da nossa vida lidar com problemas na mais tenra infância. E é isso que faz de nós melhores pessoas. Os filhos de pais divorciados eram, como, aliás, a própria Teresa Caeiro referiu, considerados inapropriados para se conviver com. E sobreviveram. E a nossa sociedade aprendeu que era uma estupidez. E aos dias de hoje quase já é motivo de anedota um casal que sobreviva a 15 ou 20 anos de casamento.

Em jeito de conclusão, resta-me dizer-lhes, caras Rita Ferro e Teresa Caeiro, como esperar que as crianças sejam toleráveis para com matérias que os próprios adultos ainda não são. A culpa está toda, obviamente, nos adultos que se refugiam em mentiras infantis. Sem ofensa para os infantes.

E digo mais, entristece-me que duas mulheres, repito, bonitas e inteligentes, e acrescento, emancipadas, estejam agora coniventes com as mesmas leis empedernidas - espartilhadas por interesses religiosos obscuros - que outrora importunaram a autodeterminação da Mulher. Acaso julgam que são assuntos diferentes? Não são! E relembro-vos que muitas mulheres lutaram para que hoje possam estar aí a fazer um programa de rádio. Por outro lado tenho pena que, agora que é fácil para vós, tomem a posição também mais fácil: alinhar com moralismos bacocos.

Cumprimentos,

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