terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Caros Membros do Colégio de Especialidade de Psiquiatria

A face oculta da homossexualidade é enorme nas faixas etárias menos jovens. Cresceram numa época repressiva em que não casar e não ter filhos era anormal. Hoje convivem mal com essa "farsa" porque perceberam, enfim, que empenharam a sua identidade. Agora querem uma "pílula dourada" para "adequar" a sua orientação sexual ao seu estado civil. Não os condeno, mas não é assim que resolvem o seu problema.

As melhoras,

domingo, 20 de dezembro de 2009

Caras Rita Ferro e Teresa Caeiro,

Tenho pena que duas mulheres bonitas e inteligentes não percebam o seguinte: uma criança pode ser adoptada por quem tem, efectivamente, vontade de a criar e amar, ponto. Independentemente da sua orientação sexual, ponto.

Quase tropecei e caí quando ouvi a Teresa Caeiro, num programa de rádio, dizer que não há estudos nem certezas acerca dos "possíveis traumas" que poderão advir de uma criança ser criada por duas pessoas do mesmo sexo, vivendo maritalmente. Cara Teresa Caeiro, acredite que não quero ser desagradável nem ofensivo mas esperava de si um pouco mais. É a história da nossa vida lidar com problemas na mais tenra infância. E é isso que faz de nós melhores pessoas. Os filhos de pais divorciados eram, como, aliás, a própria Teresa Caeiro referiu, considerados inapropriados para se conviver com. E sobreviveram. E a nossa sociedade aprendeu que era uma estupidez. E aos dias de hoje quase já é motivo de anedota um casal que sobreviva a 15 ou 20 anos de casamento.

Em jeito de conclusão, resta-me dizer-lhes, caras Rita Ferro e Teresa Caeiro, como esperar que as crianças sejam toleráveis para com matérias que os próprios adultos ainda não são. A culpa está toda, obviamente, nos adultos que se refugiam em mentiras infantis. Sem ofensa para os infantes.

E digo mais, entristece-me que duas mulheres, repito, bonitas e inteligentes, e acrescento, emancipadas, estejam agora coniventes com as mesmas leis empedernidas - espartilhadas por interesses religiosos obscuros - que outrora importunaram a autodeterminação da Mulher. Acaso julgam que são assuntos diferentes? Não são! E relembro-vos que muitas mulheres lutaram para que hoje possam estar aí a fazer um programa de rádio. Por outro lado tenho pena que, agora que é fácil para vós, tomem a posição também mais fácil: alinhar com moralismos bacocos.

Cumprimentos,

Caríssimos II

Ainda ninguém me conseguiu explicar de forma inteligente: 1) porque é que um acto celebrado entre duas pessoas e sem consequências para terceiros preocupa tanto esses terceiros? 2) porque é que os movimentos religiosos que deviam celebrar o amor e a vida se empenham em celebrar a morte (proibição do uso de preservativos) e o ódio (perseguição de pessoas com base na sua orientação sexual)?

Algo está podre e não é no reino da Dinamarca.

Caríssimos,

Para acabar de vez com hipocrisisas bacocas: existem duas formas de se ser heterossexual, sendo-o, efectivamente, ou pretendendo sê-lo.

Caso subsistam dúvidas acerca do que escrevi acima, uma das formas de as dissipar, por exemplo, passa por inscreverem-se num chat de encontros entre homossexuais e manifestar preferência por homens casados... Se tiverem coragem de levar o jogo até ao fim, poderão contatar que, efectivamente, ser heterossexual pode ser uma atitude e não uma orientação sexual real.

O que se passa na cabeça de cada um é um mistério insondável, às vezes até para o próprio. As opções de cada adulto a si dizem respeito, desde que não colidam com os direitos de terceiros. É completamente desajustado fazer qualquer tipo de discriminações de cariz sexual.

O que atrás escrevi é por demais óbvio e atrevo-me a afirmar que já é muita condescendência da minha parte ter perdido o meu tempo a afirmá-lo. Mas o objectivo justifica-o. E esse objectivo é demonstrar que não há qualquer razão para, sequer, introduzir a variável "orientação sexual" em qualquer tipo de regulamento e de lei. Será já sempre demasiado tarde o dia em que conseguirmos olhar para qualquer cidadão e considerá-lo de pleno direito independentemente de ser um homem ou uma mulher e da forma como se sente realizado sexualmente.

Chega de obscurantismo!