domingo, 30 de agosto de 2009

Caros Miguel Sousa Tavares e Henrique Monteiro,

Obrigado pela oportunidade de matar dois coelhos... Permitam-me o favor de "abrir" a vossa cabeça, prometo que não será à machadada, mas no sentido figurativo do termo.

Não! Não concordo nada com a vossa opinião, coincidente, de apoio ao veto do Presidente à lei das uniões de facto. As pessoas inteligentes, e que não estão distraídas, já vão mais à frente: a lei deve salvaguardar-nos a todos sem termos que entrar na categoria dos tipos e tipas que gostam de ter relações com pessoas de sexos opostos ou do mesmo sexo. A lei inteligente e progressista é aquela que já saltou sobre a discussão do que não é sequer discutível. Embirro solenemente que se criem classificações com base na orientação sexual. Todos somos cidadãos, independentemente dessa orientação e ninguém tem que fazer favores a ninguém. Até porque todos pagamos impostos.

Perdoem-me a franqueza mas chego a achar rídicula a hipótese que colocam desta nova proposta de lei vir "forçar" todas as pessoas a encaixarem-se nas uniões facto, mesmo aquelas desprezam essa figura. Digo-vos, com conhecimento de causa, que isso é uma falácia. Há muitas pessoas que vão continuar a viver juntas, por impulso, e que se estão a marimbar para os papéis. E estão, também, no seu direito. Mas quem se divorciou o ano passado e este ano quer viver em união de facto, tem que ter uma lei que o salvaguarde.

Não me venham com a "tanga" de que propostas deste género pretendem, de forma dissimulada, é dar cobertura às uniões de facto entre homossexuais. Repito, são fórmulas inteligentes aquelas que não perdem tempo a discutir o que não é discutível.

Cumprimentos a ambos,

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cara Maria José Nogueira Pinto,

Acorde para o inevitável: o conceito de família está mesmo a mudar e, face a isso, os cidadão precisam de novos regulamentos que os salvaguardem. E não venha, por favor, invocar as equerdas e as direitas, não quero saber se é o Socrátes ou se é o Louçã. A Maria José acredita que a direita está imune ao divórcio e à homossexualidade? Sabe muito bem que não. A diferença está na "hipocrisia dos bons costumes". Acima de tudo somos todos cidadãos. Um dia posso acordar como cidadão casado e noutro dia como cidadão divorciado mas a viver uma união de facto. E quero ter plenos direitos em ambos os casos.

Tenho pena que as forças de bloqueio tornem este processo mais demorado, mas não tenho dúvidas: está para breve!

Atentamente,

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Caro Presidente Cavaco Silva,

O que esperar de si, que é um presidente de direita, que seja progressista? Maça-me um bocado mas a verdade é que tenho que me encher de paciência e perseverança para ir inculcando nos que me rodeiam - os conservadores por distracção - a vontade de reflectir acerca da legitimidade de uns e da ilegitimidade de outros. E, assim, abrir caminho ao que todos os conservadores convictos evitam mas que, no fundo, sabem - pelos menos os que tenham dois dedos de testa - que está imanente: a igualdade de direitos.

Passe bem,

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Caro Moita de Deus,

Se orgulho é tanto, porque é que os autores não tomam a iniciativa de se identificar perante as autoridades? O gesto dos 40 voluntários é bonito mas seria mais bonito ainda que os autores não se escondessem atrás desses 40. Quiseram festejar de uma forma irreverente algos que lhes é caro. Com certeza sabiam qual o leque das penalizações possíveis. Pela parte que me toca, agradeço a sua preocupação com o dinheiro dos contribuintes, mas ficaria mais satisfeito que actos criminosos - este e outros - fossem punidos como tal. Idealmente, a vigíla da polícia deveria ser suficiente para prevenir este tipo de situações, mas infelizmente não é. Todos sabemos como são vandalizados, quase diariamente, os elevadores da Glória, bem como das paredes das habitações próximas. Já para não falar dos carros que são, sistematicamente, assaltados num rua próxima, dia-após-dia, sem que a PSP - que certamente conhece bem este histórico - tenha algum tipo de atitude preventiva. Vamos acreditar que um dia, não muito longínquo, crimes e actos de vandalismo sejam acontecimentos de excepção e não a regra no nosso quotidiano.

Reais cumprimentos,

sábado, 8 de agosto de 2009

Caro António Costa,

As ruas do Bairro Alto estão entregues a si próprias. Onde estava a autoridade mais próxima no preciso momento deste último crime, na madrugada de hoje? Quanto tempo demoraram a chegar ao local? Por experiência própria sei que NUNCA se vê um único polícia a partir das 21h. Antes dessa hora vêem-se grupos de polícias especiais (quando, certamente, não são necessários) e a partir daí é o deserto do policiamento. Já cheguei a ligar para o 112 quando vejo rixas graves nas ruas do Bairro mas sou atendido com sarcasmo e displicência. Alguém, ligado à área da segurança, disse há pouco tempo numa estação de rádio que o policiamento visível trazia desconforto às zonas de diversão nocturna... Por acaso as autoridades sabem do pandemónio que se passa nas ruas do Bairro mal os bares fecham? Berros tresloucados e garrafas a partirem-se contra as paredes das casas. Espero que este dramático incidente pelo menos sirva para trazer a discussão para a praça pública.

Fico na expectativa dos seus prezados comentários,

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Caro Isaltino Morais,

O senhor consegue aproveitar o tempo de antena que é a sua própria condenação para fazer campanha política. E, tendo em conta que já foi eleito sob um clima de forte suspeição, acredito que o mesmo povo de Oeiras, à custa do qual o senhor enriqueceu, venha agora levantar a sua voz contra esta condenação. Será que não são capazes de eleger um político eficaz e honesto?

Por outro lado, escapa-me a lógica das declarações de Isabel Meirelles. Se a condenação em tribunal do senhor não serve para o atacar politicamente, serve para quê? Para o atacar pessoalmente? O senhor cometeu crimes enquanto responsável político no qual uma população inteira confiou. Embora sejam da mesma cor partidária, o senhor deve ser duramente criticado por Isabel Meirelles. Até a título do exemplo a não seguir.

Enquanto recorre e não recorre, o senhor deve, efectivamente, retirar a sua candidatura. Se, porventura, vier a ser inocentado, o que acho difícil, logo regressará à política com o seu nome lavado. Mas, dada a condenação, o senhor têm que renunciar imediatamente.

Até breve,

domingo, 2 de agosto de 2009

Caro Francisco Balsemão,

Logo após o 25 de Abril, eu era um miúdo, ouvi numa igreja, na beira alta, o padre dizer ao povo - gente humilde, honesta, muito trabalhadora mas pouco instruída - "Votem PPD, porque é o partido com as setas a apontar para o céu, para onde queremos ir...". Nunca esqueci estas palavras. Em adulto, associei sempre esta memória à estatística da distribuição geográfica dos votos da direita, o que tem sido razão suficiente para nunca votar nesta facção.

A ideia que tenho, e admito que possa até ser um pouco romanceada pela tradição de "esquerda sofrida" que vivi em família, ainda antes do 25 de Abril..., é que políticos como o senhor (foi), como Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite, Maria José Nogueira Pinto..., para enumerar os mais recentes, e sinistros, só estão interessados em manter uma certa "ordem natural das coisas", um sistema com classes bem demarcadas, segundo o qual, só assim, a economia funciona. Os pobrezinhos e a gente de bem.

Passe bem,